Entrevista: Apocalypse - Soberanos do Progressivo Nacional



Com mais de 25 de estrada, o Apocalypse vem somando conquistas em sua carreira, donos de um discografia invejável, acabam de lançar o Box “The 25th Anniversary Box Set” para comemorar os 25 anos de banda. Para deixar está data ainda mais especial, os gaúchos ganharam um dos prêmios mais importantes da musica brasileira, o Troféu Açorianos de Musica. Para contar um pouco desta história de muitas conquistas, conversamos com o tecladista Eloy Fritsch, que nos fala dos primórdios do Apocalypse, a sensação de ganhar um prêmio tão importante, além de diversos assuntos que irão fazer você respeitar ainda mais este ícone do som pesado nacional.

Com vocês Eloy Fritsch:


HAH: Vocês acabaram de lançar o Box “The 25th Anniversary Box Set”, que é em comemoração aos 25 anos de banda, como surgiu está ideia? E como foi feita a escolha do material que entraria no Box?

Eloy Fritsch - Essa ideia surgiu quando de repente nos demos conta que estávamos chegando aos 25 anos de banda com vários álbuns gravados. Decidimos então fazer uma produção diferente, algo que fosse um grande desafio. Produzir um Box Set com gravações e composições inéditas. Conseguimos escrever um projeto e conseguir o financiamento para lançar o material. Já tínhamos no arquivo da banda um show registrado durante a Magic Tour de 2004 e conseguimos as imagens do Concerto de Rock em comemoração aos 25 anos que fizemos em 2009. Faltava fazer um novo álbum com as músicas que estávamos ensaiando. Assim surgiu a idéia de fazer o CD "2012 Light Years from Home". Um novo CD para ser lançado com o Box Set.


HAH: Mesmo sendo chamado de datado por alguns críticos, na visão de vocês porque o Rock Progressivo ainda é muito vivo e ativo na cena, mesmo sem o apoio da grande mídia?

Eloy Fritsch - Compondo no estilo Rock Progressivo músicos produzem verdadeiros clássicos do Rock. Basta citar alguns grupos como Rush, Pink Floyd, Yes, Genesis, ELP, Kansas, Jethro Tull, Marillion e você logo associa esses nomes a composições refinadas e que se sustentam não só pela beleza, mas pelo seu conteúdo musical. O Prog Rock é um dos gêneros “fusion” que permitem desenvolver as composições com influências da música Erudita, Jazz e Eletrônica. Essa possibilidade de combinar diferentes vertentes atrai músicos qualificados e que desenvolvem projetos mais musicais e menos comerciais. A mídia não apoia, ela vende espaço comercial para quem pode pagar. Para muitos profissionais da mídia comercial, infelizmente não há interesse pela música. Para muitos, interessa bem mais vender o espaço comercial para continuar o negócio.


HAH: Vocês estão na estrada há 28 anos, e acabaram de ganhar um dos prêmios mais importantes da música, o Troféu Açorianos de Musica, o que está conquista representa na carreira do Apocalypse?

Eloy Fritsch - Esse prêmio foi muito gratificante. Agradecemos muito a todos que nos ajudaram a chegar até aqui para poder receber essa homenagem que valoriza nossa arte e nossas produções. Gosto sempre de lembrar das pessoas que nos ajudaram muito como nossos pais e familiares porque, sem eles, não conseguiríamos forças e motivação para continuar produzindo. Quando ganhamos o prêmio senti que todos eles receberam conosco. Todos estavam ali em nossos corações recebendo aquele troféu. Também senti que um projeto alternativo estava recebendo um prêmio diferenciado. Naquele dia era como estivéssemos dividindo o prêmio com nossos amigos músicos que fazem um som diferente do que rola nas rádios comerciais. Grupos de Rock Progressivo, Rock pesado, Rock Alternativo, que fazem um som próximo ao nosso, e que, pela primeira vez, de certa forma, estavam ali representados.

Apocalypse no Theatro São Pedro, Porto Alegre, 2012, comemorando o prêmio Açorianos

HAH: Após a saída do vocalista e baixista Chico Casara em 2003, vocês começaram a investir em composições em inglês com a entrada dos novos integrantes, o vocalista Gustavo Demarchi e o baixista Magoo Wise. Algum motivo em especial levaram vocês a está mudança?

Eloy Fritsch - Quando voltamos do show nos USA pensamos em desenvolver um projeto em inglês para que nossas letras fossem entendidas em outros países. Então a mudança ocorreu quando o Gustavo Demarchi entrou na banda. Ele trouxe suas influências musicais e foi fundamental para consolidar essa nova fase priorizando as composições em inglês. Além de ser um vocalista de primeira, ele também é um grande artista gráfico. Fez a arte do Box Set do Apocalypse e foi premiado com o Troféu Açorianos, na categoria melhor arte gráfica.


HAH: Entre os registros ao vivo do Apocalypse temos o “Live in USA” (2004) e o “Live in Rio” (2006), porém ainda não foi gravado nada ao vivo em sua terra natal. O Apocalypse pensa um dia em gravar um CD ou DVD no Rio Grande do Sul?

Eloy Fritsch - Em 2006 gravamos o “The Bridge of Light” em Caxias do Sul. Foi um disco ao vivo e constituído apenas por músicas inéditas. Foi outro desafio porque fizemos um disco de estúdio ao vivo. Em 2012 pretendemos lançar o DVD desse show. Por todo o empenho na produção e pós-produção eu posso confirmar que será o nosso melhor DVD.

Ruy Fritsch no show do DVD The Bridge of  Light, previsto para ser lançado em 2012

HAH: Falando um pouco de cenário musical, vocês investem no Rock Progressivo e como qualquer outra vertente do som pesado, sempre sofre com adversidades ao longo da carreira, com vocês na ativa há tanto tempo, o que vocês acham que falta para a cena do som pesado em geral deslanchar?

Eloy Fritsch - Falta investimento para os compositores que desenvolvem projetos que podem deslanchar. Falta educação, música nas escolas e investimento em artes de um modo geral. Vivemos em um país rico que poderia melhorar a distribuição de renda e investir mais em educação das artes. Assim poderíamos ter um cenário melhor e promover mais a música, incluindo a música instrumental, o Rock Progressivo, o Jazz e outros estilos que atualmente precisam de mais oportunidades.


HAH: Quando vocês gravam uma musica nova, o que é mais levado em conta: a técnica que os fãs já esperam da banda, a melodia que tem que ser marcante ou apenas o felling que surgir no momento?

Eloy Fritsch - A composição é algo muito especial. É o momento mágico da criação e da invenção musical. Um momento de elevação espiritual altamente gratificante e que antecede a gravação.  Mas precisamos da técnica para deixar o feeling fluir. Assim podemos criar com mais fluência e depois entrar em estúdio e gravar.


HAH: Em 1999 vocês foram convidados para tocarem no festival “ProgDay 99” que é um dos maiores festivais de Rock Progressivo dos EUA. Como foi está experiência para vocês? Pois logo depois desta apresentação vocês iniciaram sua primeira turnê no exterior certo?

Eloy Fritsch - A experiência foi ótima. Foi um show muito bom e ainda conseguimos transformar ele no primeiro CD ao vivo do Apocalypse. Foi uma das melhores performances ao vivo daquela formação em quarteto. Tocamos as músicas de nossos CDs franceses e os norte-americanos gostaram. Fomos à primeira banda brasileira de Rock Progressivo a tocar nos USA e gravar um CD.

CD duplo Apocalypse Live in USA gravado em 1999 na Carolina do Norte. 

HAH: Qual foi a importância do Circuito de Rock (organizado por uma emissora da Rede Globo) para o nascimento e consolidação da banda?

Eloy Fritsch - Foi o mais importante festival de Rock do Rio Grande do Sul de anos de 1989. Ao vencer a eliminatória da serra ficamos conhecidos na região e fizemos vários shows. Gravamos no LP da coletânea dos grupos de Rock que foram finalistas. Isso abriu as portas para gravar o primeiro vinil do Apocalypse.


HAH: Qual o publico alvo do Apocalypse? Afinal a sonoridade da banda é muito rica e varia do Pop ao Heavy Metal.

Eloy Fritsch - As pessoas que gostam de Rock Progressivo, AOR, Rock sinfônico, Neo Progressivo, Hard Rock normalmente se identificam mais com o som do Apocalypse. Mas ano passado tocamos com a orquestra e o coral de Caxias do Sul para um público acostumado com concertos de música sinfônica. O repertório foi composto pelas composições do Apocalypse arranjadas para orquestra e coral. O sucesso foi tão grande que pretendemos futuramente repetir o evento. Nossa música é para um público diverso e exigente e que se identifica com a nossa proposta.

Apocalypse, Orquestra e Coral, 2011 – Foto: Maicon Damasceno

HAH: Em nome da equipe Heavy And Hell gostaria de agradecer pela exclusiva, pois para nós é uma honra entrevistar uma das maiores e melhores bandas de Rock do Brasil, gostaria de deixar alguma mensagem aos nossos leitores?

Eloy Fritsch – Nós do Apocalypse é que agradecemos a oportunidade de contar um pouco sobre o nosso projeto musical e comentar sobre as realizações. Também agradecemos aqueles que acompanham a trajetória do Apocalypse. É muito bom poder contar com o carinho dos fãs e incentivadores. É para essas pessoas especiais que estamos trabalhando para finalizar o DVD “The Bridge of Light”. Esperamos lançar esse material ainda este ano. Fiquem ligados no site www.apocalypseband.com que em breve teremos novidades.

Eloy Fritsch, na gravação do DVD The Bridge of Light, 2006



Conheça mais a banda

Site Oficial
Myspace
Youtube
Facebook
Reverbnation
Twitter
Assessoria: Wargods Press
Contato para shows: apocalypse@wargodspress.com


Entrevista por: Renato Sanson / Luiz Harley
Edição & Revisão: Renato Sanson
Fotos: Apocalypse







 



Comentários