O ano de 2015 começou aos
tremores de terra e fogo lançado ao céu. No dia 03/03 o Villarica (vulcão mais
ativo do Chile) resolveu retornar a vida após anos de confinamento em silencio.
Arremessou lava incandescente a mais de três mil metros de altura, exibindo uma
das maiores manifestações de fúria da natureza. Cinco dias mais tarde, em São
Leopoldo (RS), nos tivemos outra exibição de poder e fúria da natureza, também
de um vulcão que estava adormecido. Desta vez, um vulcão sueco, que veio entrar
em erupção em nossas terras: ENTOMBED A.D.
Como se fosse o “abrir dos olhos”
no parapeito do precipício, o momento derradeiro para encher os pulmões e se
lançar no abismo, o Entombed A.D. se ergue da mortalha da extinta Entombed (e
acrescenta o “A.D.” ao final do nome, por questões judiciais de proteção).
A noitada começou ao som de
música regional, depois estendeu braços ao centro do país e transladou para a
Suécia. Foi uma noite, além de repleta de musicalidade e peso, de intercâmbio
cultural incrível. Quando digo "Música Regional", é minha referência
(reverência) aos nossos representantes da DyingBreed, que abriram a noite
desgraçadamente. A banda cumpriu com a responsabilidade de iniciar os
"trabalhos" para o que estava por vir, porém em boa parte do show o
som esteve muito alto, isso acabou desprivilegiando um pouco os vocais de Leo
Schneider. Nada que pudesse emplacar prejuízo na apresentação, mas um pouco de
desconforto, talvez.
DyingBreed é formada por Leonardo
Schneider (vocal), Ariel Boesing (guitarra), Felipe Nienow (guitarra), Fabrizio
Bertolozi (baixo) e nesta noite a banda revelou o novo baterista, Daniel
Vilanova (ao que parece agradou bastante ao vivo e acertou belas pancadas). O
show do grupo foi uma prévia do que dia 27 de março de 2015, quando iniciaram
as distribuições de pré-venda do primeiro CD da banda: “Worship No One”. Com
bastante enfoque nas músicas do disco, a DyingBreed destruiu no palco
performatizando uma apresentação digna para a "noite de gala Death".
Encerram a apresentação coroando o público com um medley de “Chopped in Half” e
“Turned Inside Out”. Praticamente uma invocação maligna, que faz referência à
outros catatônicos fúnebres: Obituary (talvez um chamado para lembrar que a
Obituary estará entre nós dia 02 de abril - Mas essa é outra estória que
contaremos em breve).
DyingBreed "out stage",
já se enxerga o Guilherme (vocal da KroW) se movimentando pelo palco fazendo o
Set Up para a apresentação. KroW, originária do estado de Minas Gerais, a jovem
banda - atuando desde 2007- já pode adicionar ao currículo: Turnê Sul-Americana
guarnecendo a Entombed A.D., claro que os feitos são muitos, mas este merece o
destaque. Feito recorte, voltemos para a noite do dia 08 de março, noite em que
a KroW intermediou o contato entre público e os "sepultados". A banda
abriu os trabalhos com “Relentless Disease” e logo em seguida disparou "Retaliation"
e a surpresa veio durante a “Abominations” (do primeiro disco “Before the
Ashes”). Momento crítico em que a KroW (literalmente) destruía no palco,
Guilherme e Woesley exibiam uma parceria descomunal e perfeição na
apresentação, quando a energia desabou. Calor, extremismo, som demasiadamente
alto, não sei dizer exatamente o que aconteceu, mas de fato a KroW silenciou a
Embaixada do Rock por alguns segundos. Sem demora a força foi reestabelecida e
o grupo provou que a fama do Triângulo Satânico Mineiro procede, e na doutrina
"Sepultura", a KroW merece todo respeito e nota máxima pelo excelente
trabalho que vem realizando. Certamente é uma banda que ainda nos trará muito
orgulho, seria interessante termos um show com a KroW no cast principal. Ter mais
tempo para apreciarmos as execuções com mais tranquilidade (TRANQUILIDADE?),
aguardemos por novidade. Enfim, com o show da KroW encerrado, todos os
preparativos cerimoniais prontos, é hora do "sepultamento" oficial da
noite.
O quarteto fantástico L.G. Ptrov
(vocal), Vitor Brandt (baixo), Nico Elgstrand (guitarra) e Olle Dahlstedt (bateria),
chegou cedo ainda a tempo da apresentação do DyingBreed. Não foram até o salão
principal para ver o show em função de uma série de razões: Descansar,
preparação para o show, alimentar-se e alimentar o fígado, mas puderam escutar
os shows da sala de espera.
Nos dias que antecederam o show, surgiu uma
promoção chamada: "Almoce com Entombed". O ganhador da promoção foi o
Marlo Lustosa (batera da Carniça), mas por razões administrativas de cronograma
o almoço não pode acontecer. Ainda assim Marlo foi recebido pelos integrantes
da banda e ele levou Lp's e outros materiais para tentar pegar autógrafo
(Petrov torceu levemente o nariz, mas assinou). O Almoço foi compensado com
autógrafo, fotos e uma troca rápida de conversas com os integrantes. Com tudo
pronto era hora de assumir o palco. A Embaixada, por ser um local pequeno, não
permite que o artista chegue ao palco sem passar pela horda. Enquanto os outros
integrantes já estava postados no palco, a boa educação e receptividade de
Petrov impediram que ele fizesse essa cruzada ileso. Parou para cada aperto de
mão e/ou foto que foi solicitado enquanto ele tentava chegar ao palco.
Quando conseguiu realizar a
cruzada, a sonoridade do primeiro chute no crânio, da noite, veio ao som de
"Pandemic Rage”. Música escolhida para a divulgação massiva do novo disco
"Back To The Front ". Daqui em diante o que se presenciou foi uma
profusão de Death Metal, loucura e de sonoridade perfeita. O som que começou
abusivo com a DyingBreed equilibrou-se na apresentação da KroW e quando chegou
o Entombed A.D., atingiu a perfeição. Entre brincadeiras e
"vociferações" fora do alcance do microfone, Petrov conduziu a noite
com muita energia e toda malandragem de quem já esteve, na vida, mais tempo em
cima do palco que fora dele. Na sequencia vieram "Revel In Flesh",
"Second To None" (esta do mais recente trabalho, também) e
"Eyemaster" (do clássico “Wolwerine Blues”). Um set sem muitas
novidades, a não ser pelo fantástico e inesperado cover de "Night of the
Vampire” – de Roky Erickson - que aparentou incompreendido pelos presentes. Mas
não demorou muito até a turma começar a acompanhar Petrov no refrão! Assim a
noite aconteceu até o cessar dos tambores, muita energia, muita musicalidade,
boas bangueadas e a sensação de "valeu a pena estar aqui hoje".
O cronograma avançou um pouco do
programado e nossa equipe precisou se retirar da casa antes do final do show,
por questões de transporte, já que precisávamos retornar para Porto Alegre.
Quanto a casa, a Embaixada visivelmente passou por uma melhora na estrutura.
Está com forração nova no teto, sistema de luz melhorado, mas ainda apresenta
pequenos problemas de acessibilidade. Nosso palco preferido está no caminho certo!
Aos que estiveram presente nessa
noite, puderam sentir (e confirmar o que digo) toda simpatia e boa vontade de
uma banda que tange a lenda do Death Metal mundial.
Parabéns para a Cronos Entertainement,
e especialmente ao Márcio Makbo. Vocês são grande motivo de orgulho para a
nação Metal, muito obrigado!
Cobertura: Uillian Vargas
Fotos: Diogo Nunes/Uillian Vargas
Revisão/edição: Renato Sanson
Muito boa resenha! Parabéns!
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