Entrevista por: Renato Sanson
Entrevista com um dos grandes nomes atuais do Heavy Metal nacional,
Republica!
Falamos com Luiz Fernando Vieira, Jorge Marinhas (guitarras) e Leo Belling (vocal) sobre o novo disco, sua
carreira de 20 anos e muito mais, confira:
Heavy And Hell: Recentemente o Republica teve a adição de um novo
membro, o baterista
Fernando Rensi. Como está sendo a adaptação do mesmo? E como
chegaram à escolha por Fernando?
Leo Belling: Conheço o Fernando Rensi há quase 25 anos. Nós
começamos tocando juntos com 14 ou 15 anos de idade e tivemos
algumas bandas nos anos 90 e início dos anos 2000 e sempre admirei sua
dedicação, técnica e performance na batera. A amizade e o contato continuaram,
apesar dele ter ido morar e trabalhar tocando na Australia e em Los Angeles.
Com a saída do Gabriel e a
inesperada volta do Fernando Rensi na
mesma época, a opção natural era convidá-lo para tocar
conosco, pelo menos por um período até que resolvessemos essa situação. A
experiência internacional, a amizade, os ensaios e vários shows com o
Republica, acabaram integrando o Rensi com a banda e a permanência dele,
agora como integrante oficial do Republica, aconteceu de forma natural e
estamos bem felizes de te-lo conosco nessa excelente fase da banda em 2015, que
trará turnes nacionais e internacionais e um disco novo no segundo semestre.
HAH: Conte-nos um pouco sobre o novo disco “Point of No Return”, que
está sendo bastante elogiado na critica especializada, vocês esperavam tamanha
repercussão?
HAH: E como foi o processo de composição do mesmo?
Leo: Todo processo de feitura de um álbum leva tempo e todas as decisões
têm que ser tomadas com muita cautela e certeza. No nosso caso não foi
diferente, tanto na fase de composições quanto de pré-produção, incluindo ainda
arte, capa, produção, mixagem e masterização. A escolha do Luis Paulo Serafim ,
que é um grande amigo
da banda, foi um processo natural e desde o início tínhamos o nome dele como
certo pra conduzir e levar a sonoridade da banda a um outro patamar. Buscávamos
algo mais maduro e preciso, e como a nossa maior preocupação era imprimir no
álbum toda a nossa prévia pesquisa de sonoridade e timbres
com personalidades únicas, o LP (Luis Paulo Serafim ) é definitivamente “o cara” pra
se ter ao seu lado. Passamos um ano compondo as novas faixas e gravamos uma
pré-produção ao vivo em
estúdio e logo apresentamos ao LP que analisou tudo com muita
eficiência e nos apresentou um plano de trabalho e gravações , que foi seguido
a risca do início ao fim. Trabalhar com ele foi um processo muito divertido, de
muito aprendizado e extremamente profissional.
Buscamos juntos dentro do
estúdio a combinação perfeita para o nosso som, testando afinação, diferentes
instrumentos, amplificadores, periféricos, pedais, microfones até chegarmos a
uma mistura perfeita e obter timbres que demonstrasse a força e peso do som do
Republica. É um trabalho meticuloso, exaustivo, mas que quando é bem conduzido
faz muita diferença no resultado final. Outra grande contribuição do LP no
processo foi a incansável busca pela performance perfeita dos tracks de cada instrumento ou voz
gravada. Ele não é um cara de cortar e colar e sim de valorizar a performance
do músico em benefício do todo. E ele é bem exigente quanto a isso dentro do
estúdio! Como produtor ele nos deixou bem a vontade e conversávamos muito sobre
cada detalhe. Ele é um cara
que tem um ouvido absurdo e nada era feito sem uma intenção
clara em busca do resultado final.
HAH: A masterização de “Point
of No Return” ocorreu nos Estados Unidos e ficou a cargo
de Stephen Marcussen, que já trabalhou com Rolling Stones, Kiss, Black Sabbath,
Alice In Chains e
Foo Fighters. Como foi a experiência de contar com o trabalho de uma pessoa tão
conceituada no cenário?
Leo: Foi também extremamente eficiente.
Buscamos um cara que consideramos um dos melhores profissionais de master do
mundo, um dos mestres dessa arte. A escolha dele foi justamente em função da
nossa busca por uma sonoridade grande, forte e única. E ele chegou no resultado
exato que queríamos, coroando um trabalho de quase dois anos.
HAH: Vocês estão na ativa há quase 20
anos, em um parâmetro geral como você avaliaria todo esse tempo dedicado ao
Metal?
Jorge Marinhas: Passa muito rápido. Dá um puta prazer e orgulho e
não temos nenhum arrependimento. São mais de 20 anos de banda, mas consideramos
que hoje o Republica vive sua fase de viver como banda e se dedicar ao metal
com prioridade. Na real ,
estamos apenas começando! (risos)
HAH: Em maio vocês estarão em turnê com o Adrenaline Mob, qual a
expectativa para esses shows?
Leo: Conhecemos os caras do Noturnall e do AMOB há um tempo e sempre pensamos
em fazer essa tour juntos. Republica e Noturnall são bandas irmãs, assim como
seus integrantes. É uma grande família que se ajuda nesse mercado foda do metal
nacional. A expectativa é das melhores e fica a promessa que vamos arregassar
em cada cidade que passarmos. Vai entrar pra história do metal nacional,
tenho certeza!
HAH: “Point of No Return” já tem dois videoclipes, “Life Goes On ” e “El Diablo”.
Qual a importancia da divulgação visual para vocês? Em tempos atuais a divulgação visual acaba
sendo mais eficaz que o próprio disco?
Leo: É sempre muito difícil escolher uma faixa do álbum para ser um single
ou virar um clipe, pois ao longo do processo de composição e gravação
do disco vamos nos apegando a todas as faixas, cada um por um motivo
específico. Mas, neste caso, foi uma decisão unânime na banda, o processo
democrático funcionou pelo menos desta vez. Tivemos a sorte de poder apresentar
as músicas do disco em muitos shows ao longo de 2013 e 2014 e o
feedback do público foi sempre muito forte com a “Life Goes On ”, tanto ao
vivo quanto através das nossas redes sociais.
Esse resultado nos
trouxe a certeza que o nosso feeling já apontava. Ai ficou fácil. E também
porque a letra possibilitava a busca de algo conceitual e não somente focado na
performance. Buscávamos algo que fugisse do clichê de clipes de bandas de metal muito
focadas em performances de “galpão com fogo” e algo que pudesse traduzir
sutilmente as nuances da letra e da mensagem por trás da composição. Tendo isto
em vista, o diretor, Gerardo Fontenelle, nos trouxe a temática estética
stalinista, mesmo sem cunho politizado - se é que isso é possível -, abordando
o tema da letra com as referências de Orwell. Foi uma gratificante viagem no tempo e neste clássico
literário mundial e tenho a certeza que conseguimos aplicar o conceito e dar
significado marcante a mensagem que gostaríamos de transmitir ao público em geral , mesmo que de forma
subliminar.
O clipe foi gravado durante um dia inteiro (23 de março de 2014) nas garagens
do Estádio do Morumbi em São Paulo. Passamos um dia inteiro na locação, entre a
gravação das meninas e a performance da banda sozinha e com a presença das
meninas também. Acho que tocamos a músicas umas 15 vezes pra termos bastante
opção de edição. A
equipe de produção da Manimou foi muito ousada em fazer tudo
em um dia e extremamente competente em seguir o cronograma, que nos deixou bem
tranqüilos, ou seja, conseguimos tudo o que precisávamos e ainda deu tempo de
comer, beber e confraternizar com todo mundo. Acho que eram mais de 30 pessoas
no final das gravações. O
mais legal é que o clipe já está com mais de 170.000 views
pela Vevo Internacional, ou seja, o trabalho está sendo reconhecido e isso que
importa.
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