Entrevista - Warrel Dane: "Comece sua própria religião, porque o que temos agora, simplesmente não funciona!"

Entrevista e tradução por: Uillian Vargas
Edição/revisão: Renato Sanson

Read in English: http://bit.ly/1Qp9zlF


Estamos encerrando o primeiro mês de 2016, e no próximo dia 30 de janeiro (próximo sábado), Warrel Dane se apresenta em São Paulo, na casa Hangar 110. Dane envolveu-se com a música em meados de 1981/82 quando participou da sua primeira banda Serpent's Knight (Heavy Metal), anos mais tarde originou-se a Sanctuary – 1985 e em 1991 solidificou-se a Nevermore. As duas últimas bandas citadas podem ser catalogadas como Thrash Metal Progressivo, e em alguns momentos Heavy Metal. Catalogar estas bandas em somente estes estilos penso que seja um pouco limitado, acredito que o tipo de som que foi (e é) feito nelas vai além dessas catalogações, percebe-se que são composições mais completas e complexas (seria abusivo chamar de “Fusion Metal”?). Warrel estará visitando os grandes sucessos do Sanctuary e do Nevermore nessa noite incrível.

Além de vocalista da Sanctuary, Nevermore e de seu projeto solo, Warrel Dane também é formado em filosofia, teologia e sociologia. Claro, na hora de compor, cabe se valer de todo esse conhecimento e experiência para atingir a genialidade musical. Além disso, também é um excelente Cheff de cozinha (Chegou a ter um restaurante com o Jim Sheppard, - baixista), já fez participações especiais em bandas de alto reconhecimento e teve uma de suas músicas incluídas em um jogo de vídeo game (PS3). A Heavy And Hell teve a excelente oportunidade de trocar uma ideia com o músico e compositor para tentar saber um pouco mais sobre o artista. Segue abaixo a nossa conversa com está lenda, divirtam-se! 




Heavy And Hell: Voltando no tempo, lá por 1982, quem foi sua grande inspiração e responsável pela sua entrada no mundo da música?

Warrel Dane: Judas Priest, Black Sabbath, Ozzy Osbourne, todas essas bandas, praticamente. Até mesmo AC/DC, talvez. Sabe, eu escuto todo tipo de rock pesado, eu acho. Isso foi responsável por eu me envolver com música. Eu costumava ouvir muito Blue Öyster Cult, bem eu ainda gosto muito de Blue Öyster Cult. Eu gosto bastante de todos os tipos de hard rock e metal, não importa saca, é uma espécie de: “por que não gostar?”.

HAH: Ter nascido no mesmo berço em que o grunge nasceu, trouxe alguma influência marcante para o seu trabalho, nas bandas em que participou?

WD: Absolutamente não, porra! Isso é tudo que eu tenho a dizer sobre isso. Não, eu nunca fiz música grunge e eu nunca vou fazer (risos).  Eu quero dizer isso, no máximo eu posso dizer que sou fã de Alice In Chains, mas eles não são banda grunge e eles nunca foram, eles são uma banda de metal do caralho! Assim, a pergunta sobre o grunge sempre vem e você sabe quer saber? Eu respeito toda essa era e o que aconteceu em nossa cidade, mas, eu não fiz parte dela e então eu me dou ao luxo de pouco me importar com que está morto ou que está vivo agora. "Let the freedom Bring with the shotgun blast” (risadas), Robb Flynn (Machine Head) falou isso muito bem, talvez seja o que ele quis dizer quando Kurt Cobain deu um tiro na cabeça, mas, eu não sei o tempo se correlaciona, enfim, é engraçado, mas, eu respeito Kurt Cobain, acho que ele era um compositor genial, mas não é o meu tipo de  música favorita.


HAH: Durante as gravações em estúdio, a opção mais correta é confiar no instinto ou ter certeza absoluta do que está sendo feito, para finalizar algum trabalho?

WD: Confie no seu instinto! Confie em seu instinto e tente não ser perfeito, porque às vezes algo vindo da imperfeição, se torna genial!

HAH: Ao longo de tantos anos envolvidos sentimentalmente com a música, foi possível realizar grandes trabalhos (tanto na Nevermore quanto no Sanctuary). Conte-nos um pouco, como foi a experiência de participar no “The Apostasy” (2007) do Behemoth? Qual a sua proximidade com os integrantes da banda?

WD: Bem, Behemoth é uma das minhas bandas favoritas, então quando eles me pediram para fazer uma aparição em um de suas músicas, eu disse: É claro, é uma das minhas bandas favoritas!

E eu tenho que te dizer, eu recebo tantos pedidos de participações especiais, sério, às vezes, me deixa louco, porque eu não quero estar na minha pele e dizer: "não, sua banda é uma porcaria!" Eu odeio, eu nunca fiz isso, eu nunca disse isso.  Eu só digo que eu estou ocupado. É o que cada um sempre diz quando não querem fazer participações. Porque eu sei que muitos vocalistas são questionados sobre fazer participações especiais, você sabe, deixam respostas em branco. Eu apenas digo que estou ocupado no momento.

Mas, sim, isso foi interessante porque, você sabe, eu não fiz isso em estúdio com eles, eu fiz isso no meu laptop Mac.  Eles me enviaram os arquivos de som e eu gravei com a banda de garagem, converti em Mp3 e enviei de volta. Foi meio que impessoal, mas ainda assim, eu amo essa música e amo essa banda também.


HAH: Em 2009, com o lançamento do game Brütal Legend (Electronic Arts), a música “Battle Angels” do Sanctuary (do “Refuge Denied” - 1988) foi revivida na trilha sonora. Como aconteceu esse tramite e como a situação, de fazer parte de um game, foi recebida?
                 
WD: Não temos certeza de como realmente aconteceu, eu sei que o Jack Black (ator) estava envolvido, e sei que ele é um grande metalhead, e eu gosto de pensar que talvez Jack Black tenha escolhido essa música, porque, sabe, dos atores de comédia ele é meu favorito. Eu não tenho certeza se isso é verdade, porque eu sei que também o Game Designer (Tim Schafer - Full Throttle, Grim Fandango, Psychonauts, Brütal Legend, and Broken Age) é um grande metalhead também. Assim, pode ter vindo dele, pode ter vindo do Jack Black, eu realmente não sei, mas foi uma experiência interessante, eu acho.

Você chegou a jogar esse jogo? Tentou passar pela parte em que a música toca?

É uma das partes mais difíceis do jogo, porra! E eu não consegui (gargalhadas), eu não consegui passar! (risos).


HAH: O trabalho mais recente, e de grande repercussão, é o “The Year of The Sun Die” 2014– Sanctuary. Existe a possibilidade de a banda excursionar em turnê para divulgar esse trabalho?

WD: É claro que há uma possibilidade, vamos ver o que acontece. Eu acho que vai acontecer, definitivamente, em algum momento vai acontecer. Estamos começando a trabalhar em músicas novas agora, sabe, eu tenho outras prioridades para o momento, como o trabalho que eu estou realizando aqui no Brasil atualmente. E eles seguem me enviando as músicas por e-mail, para ouvir, e soam realmente muito boas. Eu continuo dizendo a eles: "Mais rápido, mais rápido, mais rápido, eu quero músicas mais rápidas" (risos) bem, vamos ver o que acontece, eu quero dizer, definitivamente, com certeza haverá um novo trabalho da Sanctuary, dois pelo menos.

HAH: Agora falando sobre a apresentação que acontecerá em São Paulo, no dia 30/01/2016, qual a expectativa para a noite? Os fãs poderão se surpreender quando o show começar?

WD: É claro que vai se surpreender com o setlist, porque nós vamos tocar músicas que o Nevermore nunca tocou ao vivo, e talvez estaremos tocando algumas músicas que o Sanctuary nunca tocou ao vivo, também. Sabe, nós ainda estamos trabalhando em cima disso, e eu acho que haverá um monte de surpresas e se você não vier curtir o show, será burrice, porque você vai perder um evento épico!


HAH: Poderia nos falar um pouco sobre projetos futuros? O que 2016 está guardando para Nevermore e Sanctuary?

WD: Bem, o que o ano reserva para Nevermore eu não sei até o momento. O que será da Sanctuary, você sabe, nós vamos..., definitivamente... Provavelmente no final da temporada do festival, nós vamos começar a gravar o novo trabalho. Eu não tenho certeza se o Sanctuary irá fazer qualquer festival este ano, talvez eu faça alguns shows solo na Europa, para o verão, eu estou no aguardo do que está para acontecer, porque o Sanctuary não tem nenhum festival confirmado. No ano passado, o ano que nós colocamos um novo trabalho no mercado, foi prometido: "ok, vamos tocar em todos os festivais no próximo ano", e nós tocamos UM... UM ÚNICO MÍSERO FESTIVAL. Então eu não estou contando com um fato para o Sanctuary vá fazer qualquer festival este ano, então eu estou mais focado em minha carreira solo, agora, como deveria ser.

HAH: Bem, obrigado mais uma vez por esta oportunidade. Esperamos ver você em breve e desejamos-lhe um grande show no Brasil. Deixamos o espaço final a você.

WD: Comece sua própria religião, porque o que temos agora, simplesmente não funciona!



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